Há pastores na
maioria das igrejas. Muitas pessoas almejam o cargo de pastor. Biblicamente, a
função dos pastores é cuidar do rebanho (igreja) de Deus (veja 1 Pedro 5:1-2;
Atos 20:28). Como servos de Deus, os verdadeiros pastores mostrarão a sua
preocupação com a vontade do Senhor, fazendo e ensinando o que ele diz.
Nosso estudo de pastores,
necessariamente, se baseia na Bíblia. Antes de entrar no estudo, quero explicar
meus motivos. Estou escrevendo este artigo para ajudar pessoas honestas a
servirem ao Senhor. Conforme o padrão bíblico, eu faço parte de uma congregação
local, onde sirvo ao Senhor junto com outras pessoas. Não mantemos nenhum tipo
de laço com nenhuma denominação. A nossa responsabilidade é de fazer a vontade de
Deus, e aceitamos a Bíblia como a única fonte de informações sobre a vontade
dele. Eu não tenho nenhum motivo para defender nem atacar qualquer pessoa ou
organização religiosa. Meu propósito é bem simples: servir a Deus e ajudar
outras pessoas a fazerem o mesmo.
Sem dúvida, este artigo não
agradará a todos. Da mesma maneira que o ensinamento de Jesus desafiou os
líderes religiosos de sua época, a palavra dele exige mudanças radicais por
parte dos líderes de muitas igrejas hoje. Não podemos forçar ninguém a mudar,
mas podemos e devemos avisar sobre o perigo de seguir a sabedoria humana (leia
Provérbios 14:12; Isaías 55:6-9; Jeremias 10:23; Ezequiel 3:18-21). Eu sei, de
antemão, que este estudo vai contrariar os ensinamentos e as práticas de muitos
pastores e de muitas igrejas. Mas, eu não posso servir a Deus e agradar a todos
os homens (Gálatas 1:10). Apresento este artigo depois de anos de estudo e
oração, com o único propósito de divulgar e defender a palavra pura do Deus
santo. Peço que você aborde o assunto com mansidão e o desejo de aprender a
aplicar a palavra do Senhor. "Portanto, despojando-vos de toda impureza e
acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual
é poderosa para salvar a vossa alma. Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e
não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte
da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho,
o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se
esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera, atentamente, na
lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente,
mas operoso praticante, esse será bem aventurado no que realizar" (Tiago
1:21-25).
Pastores/anciãos no Velho
Testamento
Sabemos que o Novo Testamento, o
evangelho de Cristo, fornece o padrão para a igreja de hoje (veja João
12:48-50; Hebreus 8:6-13; 2 João 9; Colossenses 3:17). Mas o Antigo Testamento
contém exemplos instrutivos que ajudam para entender a vontade de Deus (1
Coríntios 10:1-13; Romanos 15:4). No Velho Testamento, encontramos líderes
entre o povo de Israel chamados, às vezes, anciãos (o sentido da palavra
presbítero no Novo Testamento). Os anciãos das cidades israelitas resolveram
problemas que surgiram entre as pessoas (Deuteronômio 21:2,19; 22:15-17; Rute
4:1-11). Quando não conduziram o povo no caminho de Deus, ele cobrou: "O
Senhor entra em juízo contra os anciãos do seu povo e contra os seus príncipes.
Vós sois os que consumistes esta vinha; o que roubastes do pobre está em vossa
casa. Que há convosco que esmagais o meu povo e moeis a face dos pobres? —diz o
Senhor, o Senhor dos Exércitos" (Isaías 3:14-15). Deus condenou os
pastores gananciosos que não compreenderam a vontade dele e conduziram o povo
ao pecado (Isaías 56:9-12). Jeremias transmitiu as palavras do Senhor sobre
pastores maus: "Porque os pastores se tornaram estúpidos e não buscaram ao
Senhor; por isso, não prosperaram, e todos os seus rebanhos se acham dispersos"
(Jeremias 10:21). "Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do
meu pasto! —diz o Senhor. Portanto, assim diz o Senhor, o Deus de Israel,
contra os pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas
ovelhas, e as afugentastes, e delas não cuidastes; mas eu cuidarei em vos
castigar a maldade das vossas ações, diz o Senhor" (Jeremias 23:1-2).
Pastores nas igrejas do Novo
Testamento
No Novo Testamento, encontramos
muitas referências aos pastores/presbíteros/ bispos. Descobrimos em Atos 20:17
e 28 que esses três termos se referem aos mesmos homens (veja, também, 1 Pedro
5:1-2, onde os presbíteros pastoreiam). Não temos nenhuma base bíblica para
usar o termo "bispo" para descrever um cargo, "pastor" para
outro e "presbítero" para ainda outro. Pastores, bispos e presbíteros
são os mesmos servos. Lendo o livro de Atos, achamos vários versículos que
mencionam presbíteros: na Judéia (11:30); em cada igreja na Ásia Menor (14:23);
em Jerusalém (15:2,4,6,22,23; 16:4); da igreja em Éfeso (20:17,28) e, mais uma
vez, em Jerusalém (21:18). As epístolas, também, se referem aos homens que
pastoreavam as igrejas: "pastores e mestres" (Efésios 4:11);
"bispos" em Filipos (Filipenses 1:1); "o presbitério" (1
Timóteo 4:14); "presbíteros que há entre vós" (1 Pedro 5:1; aqui
aprendemos que Pedro era presbítero, um dos dois apóstolos assim
identificados—veja 2 João 1 e 3 João 1).
O trabalho dos presbíteros inclui
várias funções importantes: pastorear (Atos 20:28; 1 Pedro 5:2); ensinar
(Efésios 4:11-16; Tito 1:9); ser modelos (1 Pedro 5:3); presidir (1 Timóteo
5:17); vigiar (Atos 20:31); velar por almas (Hebreus 13:17); guiar (Hebreus
13:17); cuidar/governar (1 Timóteo 3:5); ser despenseiro de Deus (Tito 1:7);
exortar (Tito 1:9); calar os enganadores (Tito 1:9-11); etc.
Observamos em todos os exemplos
bíblicos que as igrejas que tinham presbíteros sempre tinham mais de um. Seja
em Jerusalém, Éfeso, Filipos ou outro lugar, sempre fala dos presbíteros no
plural. A prática comum nas igrejas de hoje, de ter um só pastor numa congregação,
não tem nenhum fundamento bíblico.
As qualificações bíblicas de
pastores/presbíteros/bispos
Paulo cita as qualificações dos
bispos/presbíteros em duas cartas (1 Timóteo 3:1-7; Tito 1:5-9). A linguagem
dele deixa bem claro que ele não está dando meras sugestões, e sim
requerimentos. Em 1 Timóteo 3:2 ele diz: "É necessário, portanto, que o
bispo seja...." Tito 1:7 diz: "Porque é indispensável que o bispo
seja...." Antes de examinar as qualificações em si, vamos entender bem
esse ponto. Os requerimentos que encontramos nesses dois trechos são qualidades
que o Espírito Santo revelou, através de Paulo, como exigências. Para servir
como presbítero, um homem precisa de todas essas qualidades. Ninguém tem
direito de apagar nenhum "i" ou "til" do que Deus falou
aqui.
Agora, vamos ler o que o Espírito
falou nessas duas listas paralelas (bem semelhantes, mas não exatamente
iguais).
"Fiel é a palavra: se alguém
aspira ao episcopado, excelente obra almeja. É necessário, portanto, que o
bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio,
modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não violento,
porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; e que governe bem a própria
casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém
não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); não seja
neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo.
Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de
não cair no opróbrio e no laço do diabo" (1 Timóteo 3:1-7).
"Por esta causa, te deixei
em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada
cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi: alguém que seja
irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são
acusados de dissolução, nem são insubordinados. Porque é indispensável que o
bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não
irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância;
antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio de
si, apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder
tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o
contradizem" (Tito 1:5-9).
Leia esses trechos com bastante
atenção. Os pastores na sua igreja têm todas essas qualificações? São homens?
Casados? Pais de famílias? Com filhos crentes? Conhecedores da palavra?
Hospitaleiros? Respeitados por todos? Irrepreensíveis? Professores capazes?
Amigos do bem? Têm todas as outras qualidades citadas aqui? Homens com todas
essas qualificações são uma grande bênção ao povo de Deus, e serão extremamente
úteis nas igrejas locais onde servem como presbíteros. Mas, pessoas que não têm
essas qualificações não são autorizadas por Deus a serem pastores. A igreja que
escolhe pessoas não-qualificadas como bispos está desrespeitando a palavra de
Deus. Pessoas não-qualificadas que aceitam o cargo de pastor estão agindo
contra o Supremo Pastor. Presbíteros não-qualificados que continuam nesse papel
estão violando a palavra de Deus.
É notável que essas passagens não
falam nada sobre escolaridade, cursos superiores, cursos de teologia, diplomas,
certificados de seminários, etc. Muitas igrejas têm colocado tais coisas como
seus próprios requerimentos, deixando de lado as exigências de Deus.
Desafios atuais
Não é possível, num pequeno
artigo como este, elaborar um estudo completo sobre pastores. O propósito deste
artigo é desafiar cada leitor a estudar mais, procurando entender bem o que
Deus revelou sobre liderança na igreja. Mas, não é o bastante ouvir a palavra.
Tem que praticá-la (Tiago 1:22-25). Se você, ou a igreja onde você congrega,
esteja agindo de forma errada, há uma solução só: arrepender-se e começar a
obedecer ao Senhor. Pastores não-qualificados devem renunciar ou serem
removidos do cargo, para não trazer a ira de Deus sobre a igreja. E se sua
igreja insiste em manter pastor(es) não aprovado(s) de Deus, você terá que escolher
entre Deus e os homens (Mateus 15:9; Josué 24:15). Tal igreja está desordenada
(Tito 1:5) e não procede como deve (1 Timóteo 3:15). Igrejas que ainda não têm
presbíteros devem encorajar todos os homens a se desenvolverem espiritualmente
para serem qualificados, se possível, no futuro.
É bem provável que alguns
leitores, especialmente os que fazem parte da liderança de algumas
denominações, não gostarão deste artigo. Não aceite nada que vem de mim ou de
qualquer outro homem; mas não rejeite nada que vem de Deus. "Porventura,
procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a
homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo" (Gálatas
1:10).
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